sábado, 23 de agosto de 2008

VENDO A CONVERSÃO POR UMA NOVA PERSPECTIVA

A conversão é o início de uma nova e abençoada vida. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Cor 5.17). Deus nos faz novamente ou inicia um processo de remodelar-nos a Imagem de Seu amado Filho Jesus: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).

Uma das maiores e melhores assuntos sobre o qual deveríamos entender e verificarmos se já o experimentamos é a conversão. Seria triste demais viver toda uma vida enganado, achando que tem algo que na verdade não tenha. Que experimentou algo, mas não passou de e-moção (movimento das entranhas). Não foi mais que um e-vento. E portanto, chegar no final da existência com a mais assustadora notícia quando Jesus dirá “explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.23). E para que nos avaliemos, coloca aqui alguns pensamentos que ajudam a avaliar até que ponto nós somos convertidos.

O primeiro objetivo da salvação dos pecadores é o fato de sermos chamados e atraídos para contemplar, nos deliciar e expandir a Glória de Deus e consequentemente, a felicidade nos alcançara, assim como na fonte de águas o sedento é saciado. Na flor, o beija-flor encontra o seu precioso mel; o girassol é atraído pelo “movimento do Sol”. O combustível é o alimento do fogo e o peixe só tem vida plena na água, assim também nossa sede, delícia, movimento, combustível e vida plena só são encontrados em Deus criador, Seu Filho Amado nosso redentor e no Espírito Santo nosso consolador.

Desta forma, precisamos parar de ver a conversão e mesmo a vida cristã como: “aceitar a Jesus”, “ir ao templo aos domingos”, “Se intitular como crente”, “dizer sou evangélico”, “não vou para o inferno”, “vou morar no céu”, etc. Tudo isso é verdade, mas é verdade parcial e menor. A verdadeira e profunda característica da salvação, da conversão, deve ser uma atração irresistível pela pessoa de Jesus de Nazaré, que é a Glória de Deus (Heb 1.3).

Veja alguns dizeres de John Piper, extraídos do Livro “Teologia da Alegria”:
1) A verdadeira conversão é o fato de que Cristo é totalmente confiável e supremamente agradável: “A conversão é o que acontece no coração quando Cristo se torna para nós uma arca do tesouro de alegria santa. A fé salvadora é a convicção do coração de que Cristo é totalmente confiável e supremamente desejável. O que há de novo em um convertido ao cristianismo é o novo gosto espiritual pela glória de Cristo Mt 13.44.”

2) A verdadeira conversão é o nascimento de uma sede irresistível por Cristo, o nascimento de um cristão que busca o prazer em Deus: “O despertar de uma sede irresistível por Cristo é a criação de um cristão que busca o prazer. A busca da alegria em Deus não é apenas inocente, ela é essencial. O nascimento dessa busca é o nascimento da vida cristã.”

3) A verdadeira conversão é a confiança que Cristo é a única satisfação dos desejos mais profundos e abrangentes de nosso ser. “Fé salvadora é a confiança de que, se você vender tudo o que tem, esquecer todos os prazeres pecaminosos, o tesouro oculto da alegria santa satisfará seus desejos mais profundos.” “A fé salvadora é a convicção sentida pelo coração de que Cristo não é somente confiável, mas também desejável.”

4) A verdadeira conversão nos leva a viver a verdade que só Deus satisfaz, tudo o mais, por melhor que seja é somente um aperitivo da verdadeira satisfação que é Deus. “Deus é o maior bem de uma criatura racional, e ter prazer nele é a única felicidade na qual a nossa alma pode ficar satisfeita [...] pais e mães, maridos, mulheres ou crianças, ou a companhia de amigos terrenos, tudo isso são sombras; mas a satisfação em Deus é a substancia. Eles são apenas raios esparsos, mas Deus é o sol. Eles são pequenas fontes, mas Deus é o oceano.” (Jonathas Edwards).

Ora, existe verdade maior e mais impactante do que estas expostas aqui? É certo que não. Os sinais da verdadeira conversão passam por aí. Na conversão Cristo torna-se para nós totalmente confiável e supremamente agradável. E assim nasce em nós uma sede irresistível para conhece-lo. Descobrimos que ele é o maior e melhor prazer da existência. Percebemos que a satisfação mais profunda de nosso ser só acontecerá no relacionamento com Ele, entrando na vontade do Pai. Consequentemente os demais prazeres-menores e lícitos da existência são como alavancas que me lançam para o verdadeiro prazer, naturalmente destruo todos os ídolos de meu coração. Resumindo. Acontece em nós um amor intenso pela glória de Deus, como fruto do amor do próprio Deus derramado em nosso coração (Rm 5.5; 1Jo 4.19).

E a pergunta então é: Como manter essa chama acesa? Como manter a vibração apesar das lutas? “Já tive isso tudo, mas agora me sinto fraco e desanimado”.
Penso que poderemos considerar várias questões: Como a falta de progredir na fé até chegar a estatura de Cristo (Ef 4.13); A ausência do testemunhar a outros sobre Jesus – com vida e palavras (At 1.8); o não ser cheio do Espírito (Ef 5.18); O não fazer discípulos (Mt 28.19); não permanecer Nele (Jo 15), etc. O que se ressalta aqui e que pode nos lançar para tudo isso é a vida devocional – a comunhão diária com Deus.

John R. Mott, que foi uma força propulsora na retaguarda do movimento missionário norte-americano no século passado, disse: “Após receber a Cristo como Salvador e Senhor, e reivindicar pela fé a plenitude do Espírito, nós não sabemos de nenhum outro ato que produz tanta bênção espiritual do que manter um tempo devocional regular de pelo menos meia hora, em comunhão com Deus” (Comiskey).

Partindo desse princípio, incentivo a buscar nessa fonte todos os dias. Aproveitar o seu tempo no relacionamento com Deus. Recorrer a origem de tudo. Voltar ao princípio e amar aquilo que não pode perder nunca (Lc 10.42), pois “Não é sábio guardar o que se pode perder”, mas é sábio “perder o que não se pode reter, para ganhar o que não podemos perder”. Que o Senhor nos abençoe e nos atraia a Si e que nós nos esforcemos para busca-lo continuamente entendendo que nascemos de novo para deleitarmo-nos no prazer em Deus obedecendo sua Palavra.

Pr. Heliel Carvalho

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